Claret, um apaixonado leitor da bíblia

A Palavra de Deus ocupou um lugar privilegiado na espiritualidade e ação apostólica de Santo Antônio Maria Claret.

23/09/2019

Claret foi um leitor apaixonado da Bíblia em uma Igreja (século XIX) desnutrida da palavra de Deus, especialmente da Bíblia. Ele se converte em um caso único nessa igreja. Um estudioso da época (Jiménez Duque) afirma o seguinte: A formação bíblica (Na igreja do século XIX) foi completamente nula nesse tempo. A leitura da Sagrada Escritura, muito escassa. E ainda bem que começam a autorizar e a publicar versões em castelhano do Livro Sagrado (tradução de Scío, Torres Amar.Madrid 1823). Porém, essas bíblias em castelhano apenas chegam até o clero. “Esta foi, e temos que reconhecer uma deficiência grave na espiritualidade dessa época.”

Não foram, portanto, tempos florescentes no estudo bíblico para Claret. Só conheceu o que se estudava, e muito pouco, nos seminários. No seu tempo de noviço jesuíta em Roma, o mestre de noviços retirou-lhe a Bíblia e voltou a entregá-la quando viu que essa não era sua vocação. Por outro lado, podemos afirmar que esta é uma experiência que se prolongou na igreja praticamente até o vaticano II, e que continua em grande parte ao povo de Deus. Para isso, nós a estamos oferecendo em nossas igrejas locais, por meio das redes bíblicas claretianas, para reduzir o abismo ainda existente entre Igreja e Bíblia. O maior deste distanciamento da bíblia das mãos do povo e dos sacerdotes era a preguiça, segundo advertia o mesmo Claret. E uma escassíssima tarefa evangelizadora da parte de toda a igreja.

A bíblia que se estudava nos seminários se limitava aos comentários tradicionais de caráter ascético, esquecendo-se da exegese. Até o século XX, ainda não se conheciam os avanços neste campo hermenêutico. Tudo isso influi no tipo de leitura que Claret faz. Porém, a Palavra de Deus ocupou um lugar privilegiado em sua espiritualidade e ação apostólica. Imitando-lhe também no esforço que fez por aproximar o clero ao estudo da Bíblia, ele vai faze uma leitura carismática com fecho vocacional e missionário, uma espécie de leitura oral da palavra muito própria dele.

Claret não se contentou com esses estudos que circulavam em sua época (autores A. Lápide, Tirini e Menoquio) senão que foi um leitor assíduo, constante da Palavra.

Converteu-se em um apóstolo de leitura pessoal da Bíblia. Publicou uma edição da vulgata com uma bela introdução (1862). Claret afirma na Introdução da sua versão da Vulgata: “[...] para que cesse essa preguiça que se nota em alguns de nossos irmãos em ler e meditar as Santas Escrituras, preguiça essa causada na maioria das vezes por não ter na mão um livro tão precioso”.

Luiz-Gonzalo Mateo
Centro Bíblico Claretiano – Costa Rica