Consciência Negra: Singularidade e igualdade pela visão cristã

"Eu vim para que todos tenham vida e para que a tenham em abundância." (João 10, 10)

18/11/2019

A celebração da Consciência Negra no Brasil no dia 20 de novembro remete a data de morte de Zumbi dos Palmares, símbolo de Resistência do Negro à escravidão e, de forma ainda mais profunda busca a valorização das origens destes povos afrodescendentes, bem como a promoção de igualdade e dignidade, buscando difundir um olhar fraterno de conscientização diante de uma história de injustiças.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos do Homem, no artigo 1.º, “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos” e, de acordo com seu preâmbulo, “o reconhecimento da dignidade inerente e dos direitos iguais e inalienáveis de todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, justiça e paz no mundo”.

"Eu vim para que todos tenham vida e para que a tenham em abundância." (João 10, 10)

Jesus Cristo é o fruto da salvação e não faz distinção entre os homens por aparências, status ou outras métricas e rótulos humanos, pois vê além da superficialidade - “vê o coração”, ou seja, possui uma visão mais profunda do ser humano.

Podemos nos lembrar de suas quebras com as visões do homem ao escolher seus servos e por seu olhar misericordioso tendo por predileção os oprimidos e necessitados como seu foco de atuação, indo além da separação de povos ao dialogar com a samaritana que era de um povo que não se dava com o seu (judeus) e ao promover a cura de leprosos, que eram um dos grupos que mais sofriam discriminação em seu tempo.

Tendo por base estes dois pontos mostrados por Cristo de olhar além das aparências e de olhar atento às injustiças já possuímos duas grandes bases de encaminhamento para um bom cristão, não somente para a situação da população negra, mas para as diferenças e injustiças em geral.

Isto se torna ainda mais claro ao Jesus colocar seu mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Marcos 12,31) e não dar nenhuma distinção ou especificação de quem ou como seja o próximo, o que levou a questionamentos e então ensinou pela parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 36-37) que o nosso próximo é todo aquele ao qual somos de alguma forma levados ao convívio ou contato, aquele que necessita algo.

“O negro é invisível. A discriminação, social e a racial, aparece quando ele perde essa invisibilidade. Gostaria de ter a convicção de que, se nós tivéssemos uma igualdade econômica, anularíamos qualquer tipo de discriminação racial. O mais desagregador não é olhar o negro como um diferente, é olhar o negro como um menor, porque diferente ele é.” (Mario Sergio Cortella)

Peçamos a Deus a graça de cada vez mais possuir um olhar semelhante ao seu, misericordioso, que enxerga a pessoa além de qualquer raça, regionalidade ou costume e que por sua inspiração possamos difundir o amor promovendo oportunidades de conscientização e reparação de injustiças.

Fonte: IstoÉ

Autor: Guilherme Piza