Imaculada Conceição de Nossa Senhora

Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.

09/12/2019

Foi preciso que Deus preparasse uma nova Mulher, uma nova Virgem, uma nova Eva, que fosse isenta do pecado original, que pudesse trazer em seu seio virginal o autor da salvação.

“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.” ( Lucas 1,26-27)

Maria, a jovem de Nazaré que está no centro deste episódio, era “uma virgem desposada com um homem chamado José”.

O casamento hebraico se dava em duas etapas: havia uma primeira, na qual os noivos se prometiam um ao outro (os “esponsais”); só numa segunda surgia o compromisso definitivo.

Entre os “esponsais” e o casamento, passava um tempo mais ou menos longo, durante o qual qualquer uma das partes podia voltar atrás, ainda que sofrendo uma penalidade. Os noivos não viviam juntos, mas o compromisso que assumiam tinha já um carácter estável.

Inclusive, a Lei de Moisés considerava a infidelidade da “prometida” como uma ofensa semelhante à infidelidade da esposa (cf. Dt 22,23-27) e a união entre os dois “prometidos” só podia dissolver-se com a fórmula jurídica do divórcio.

José e Maria estavam, portanto, na situação de “prometidos”: ainda não tinham celebrado o matrimônio, apenas os “esponsais”.

Após a apresentação do “ambiente”, Lucas apresenta o diálogo entre Maria e o anjo.

“Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. [...] O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lucas 1, 28-33)

Da boca do anjo são lançados termos e expressões ligados a contextos de eleição, de vocação e de missão. Assim, o termo “ave” (em grego, “kaire”) com que o anjo se dirige a Maria é mais do que uma saudação: é o eco dos anúncios de salvação à “filha de Sião”.

A expressão “cheia de graça” significa que Maria é objeto da predileção e do amor de Deus.

A outra expressão “o Senhor está contigo” é uma expressão que aparece com frequência ligada aos relatos de vocação no Antigo Testamento e que serve para assegurar ao “chamado” a assistência de Deus na missão que lhe é pedida. Estamos, portanto, diante do “relato de vocação” de Maria: a visita do anjo destina-se a apresentar uma proposta de Deus.

A Maria, Deus propõe que aceite ser a mãe de um “filho” especial... Desse “filho” diz-se, em primeiro lugar, que ele se chamará “Jesus”. O nome significa “Deus salva”. Além disso, esse “filho” é apresentado pelo anjo como o “Filho do Altíssimo”, que herdará “o trono de seu pai David” e cujo reinado “não terá fim”. As palavras do anjo levam-nos a 2 Sm 7 e à promessa feita por Deus ao rei David. Esse “filho” é descrito nos mesmos termos em que a teologia de Israel descrevia o “messias” libertador.

O dogma da Imaculada Conceição

Pela tradição e estudos teológicos já havia o ensino de que a Mãe de Deus havia sido preservada do pecado original como S. Agostinho de Hipona, Bispo e doutor da Igreja, já no século V dizia: “Nem se deve tocar na palavra ‘pecado’ em se tratando de Maria; e isso por respeito Àquele de quem mereceu ser a Mãe, que a preservou de todo pecado por sua graça. (GM, p. 215).

Podemos ter exemplo também por S. Bernardino de Sena, que diz a Maria: “Antes de toda criatura fostes, ó Senhora, destinada na mente de Deus para Mãe do Homem Deus. Se não por outro motivo, ao menos pela honra de seu Filho, que é Deus, era necessário que o Pai Eterno a criasse pura de toda mancha” (GM, p. 210).

Quando Deus eleva alguém a uma alta dignidade, também o torna apto para exercê-la, ensina S. Tomás de Aquino. Portanto tendo eleito Maria para Sua Mãe, por Sua graça a tornou digna de ser livre de todo o pecado, mesmo venial, ensinava S. Tomás; caso contrário, a ignomínia da Mãe passaria para o Filho (GM, p. 215)

Em 1830 o dogma da imaculada conceição e o da intercessão/mediação de Maria ainda não haviam sido reconhecidos. Maria em aparições para Santa Catarina de Laboré apresenta estes mistérios e uma das inscrições da medalha que pede para ser cunhada retrata-os: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós”. (Vede história de Nossa Senhora das Graças ou Nossa Senhora da Medalha Milagrosa)

Em 8 de dezembro de 1854 o Papa Pio IX declarava dogma de fé a doutrina que ensinava ter sido a Mãe de Deus concebida sem mancha por um especial privilégio divino. Na Bula “Ineffabilis Deus”, o Papa diz:

“É de Deus revelada a Doutrina que sustenta que a Virgem, Bem-Aventurada Maria, no primeiro instante de sua conceição (nascimento), por singular Graça e privilégio do Deus Onipotente, em vistas dos méritos de Jesus Cristo, o Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, e dessa maneira deve ser crida por todos os fiéis”.

Assim, fora proclamado solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria.

Então, quatro anos depois, a própria Virgem Maria, quis confirmar este dogma. Foi quando em 25 de março de 1858, na festa da Anunciação, revelou seu Nome a Santa Bernadette nas aparições de Lourdes. Disse-lhe ela: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Fontes: