15º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Reflexão Bíblica: Lucas 10,25-37.

12/07/2019

1. Oração Inicial

SENHOR NOSSO DEUS, que não ficas inatingível mas que te tornas tão próximo de nós, nós te damos graças pela tua Palavra. Que o teu Espírito nos plenifique com a tua Palavra, que ela esteja em nossa boca e em nosso coração, para que nós a ponhamos em prática. AMÉM.

2. Leitura: O que diz o texto?

a) Introdução: Qual o caminho para a vida eterna? No Evangelho Jesus apresenta a figura de um samaritano – um herege, um infiel, segundo os padrões judaicos, mas que é capaz de deixar tudo para estender a mão a um irmão caído na beira da estrada. “Vai e faz o mesmo” – diz Jesus a cada um dos que o querem seguir no caminho da vida plena.

b) Leitura do texto: Leiamos este texto de Lucas 10, 25-37 com muita atenção, buscando descobrir a mensagem de fé que o evangelista quis transmitir à sua comunidade. Pode-se lê-lo uma segunda vez.

Façamos uma leitura atenta, pausada e reflexiva. Procurando descobrir a mensagem de fé que o evangelista quis transmitir a sua comunidade.

c) Um momento de silêncio orante: Façamos um tempo de silêncio, para que a Palavra de Deus possa penetrar nossos corações e iluminar nossa vida.

d) O que diz o texto?

  1. Quem se coloca a fazer perguntas a Jesus e qual a sua intenção?
  2. Como é a resposta de Jesus, que recursos utiliza?
  3. Quais os elementos constitutivos envolvidos no amor a Deus?
  4. Na parábola que Jesus conta, quais dos viajantes se aproxima e ajuda aquele que estava caído? Como era a relação que existia entre os povos representados na parábola?
  5. Quais verbos marcam a atitude do samaritano que passa pelo caminho?

Para aprofundar no texto

Continuamos “a caminho de Jerusalém” – um percurso espiritual, durante o qual Jesus prepara os discípulos para serem as testemunhas do Reino, após a sua partida deste mundo. É neste contexto “pedagógico” que vai aparecer a “parábola do bom samaritano”.

Judeus e samaritanos são dois grupos étnicos/religiosos que as reviravoltas históricas tinham separado e cujas relações eram, no tempo de Jesus, bastante conflituosas.

Historicamente, a divisão começou quando, em 721 a.C., a Samaria foi tomada pelos assírios e foi deportada cerca de 4% da sua população; na Samaria instalaram- se colonos assírios que se misturaram com a população local; para os judeus, os habitantes da Samaria começaram, então, a paganizar-se (cf. 2 Re 17,29). A relação entre as duas comunidades deteriorou-se ainda mais quando, após o regresso do exílio, os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos (cf. Esd 4,1-5) para a reconstrução do templo de Jerusalém (ano 437) e denunciaram os casamentos mistos; tiveram, então, que enfrentar a oposição dos samaritanos na reconstrução da cidade (cf. Ne 3,33-4,17). No ano de 333 a.C., novo elemento de separação: os samaritanos construíram um templo no monte Garizim; no entanto, esse templo foi destruído em 128 a.C. por João Hircano. Mais tarde, as desavenças continuaram: a mais famosa aconteceu já na época de Jesus (alguns anos depois do seu nascimento), quando os samaritanos profanaram com ossos o templo de Jerusalém.

Os judeus desprezavam os samaritanos, por serem uma mistura de sangue israelita com estrangeiros e consideravam-nos hereges em relação à pureza da fé javista; e os samaritanos tratavam aos judeus com um desprezo semelhante.

O que está em jogo no texto que nos é proposto é uma pergunta de um mestre da Lei: “o que fazer, a fim de conseguir a vida eterna?” (Marcos apresenta a mesma cena – cf. Mc 12,28-34 – mas, aí, a pergunta é acerca do “maior mandamento da Lei”. Lucas, talvez adaptando-se aos leitores cristãos de cultura grega, põe a questão em termos de “vida eterna”).

A resposta é previsível e evidente, de tal forma que o próprio mestre da Lei a conhece: amar a Deus, fazer de Deus o centro da vida e amar o próximo como a si mesmo. Neste “resumo” dos mandamentos, cita-se Dt 6,5 (no que diz respeito ao amor a Deus) e Lv 19,18 (no que diz respeito ao amor ao próximo). Jesus concorda: até aqui, a proposta de Jesus não acrescenta nada de novo àquilo que a própria Lei sugere.

A dúvida do mestre da Lei vai, no entanto, mais fundo: “e quem é o meu próximo?” É uma questão pertinente, neste contexto. Na época de Jesus, os mestres de Israel discutiam, precisamente, quem era o “próximo”. Apesar de divergências, havia consenso que excluía da categoria “próximo” os inimigos: de acordo com a Lei, o “próximo” era apenas o membro do Povo de Deus (cf. Ex 20,16-17; 21,14.18.35; Lv 19,11.13.15-18). Jesus, no entanto, tinha uma perspectiva diferente. Precisamente para explicar a sua perspectiva que Jesus conta a “parábola do bom samaritano”.

A parábola situa-nos nessa estrada de cerca de 30 quilômetros entre a cidade santa de Jerusalém e o oásis de Jericó. Na época de Jesus, era uma estrada perigosa, sempre infestada de bandos armados. Ora “um homem” não identificado (não se diz quem é, de que raça é, qual a sua religião, mas apenas que é “um homem”, embora, pelo contexto, possa depreender-se que é um judeu) foi assaltado pelos bandidos e deixado caído na beira da estrada. Trata-se, portanto (e isso é que é preponderante), de “um homem” ferido, abandonado, necessitado de ajuda.

Pela estrada passaram sucessivamente um sacerdote (que conhecia a Lei e que exercia funções litúrgicas no templo) e um levita (ligado à instituição religiosa judaica e que exercia, também, funções litúrgicas no templo). Ambos passaram adiante: ou o medo de enfrentar a mesma sorte, ou as preocupações com a pureza legal (que impedia ter contato com um cadáver), ou a pressa, ou a indiferença diante do sofrimento alheio, impede-os de parar. Apesar dos seus conhecimentos religiosos, não têm qualquer sentimento de misericórdia por aquele homem. Eles sabem tudo sobre Deus, lidam diariamente com Deus mas, afinal, não sabem nada de Deus, pois não sabem nada de amor. A sua religião é uma religião oca, de ritos estéreis, de gestos vazios e sem sentido, de cerimônias pomposas e solenes, mas não tem nada a ver com o amor, com o coração.

Pela estrada passou, finalmente, um samaritano. Trata-se de um desses que a religião tradicional de Israel considerava um inimigo, um infiel, longe da salvação e do amor de Deus... no entanto, foi ele que parou, sem medo de correr riscos ou de adiar os seus esquemas e interesses pessoais, que cuidou do ferido e que o salvou. Apesar de ser um herege, um excomungado, mostra ser alguém atento ao irmão necessitado, com o coração cheio de amor e, portanto, cheio de Deus.

Jesus conclui a parábola dizendo ao mestre da Lei que o interrogara: “então vai e faz o mesmo”. A verdadeira religião que conduz à vida plena passa pelo amor a Deus, traduzido em gestos concretos de amor pelo irmão – por todo o irmão, sem exceção.

Recordemos que a pergunta inicial era: “o que fazer para alcançar a vida eterna” A conclusão é óbvia: para alcançar a vida eterna é preciso amar a Deus e amar o próximo. O “próximo” é qualquer um que necessita de nós, seja amigo ou inimigo, conhecido ou desconhecido, da mesma raça ou doutra raça qualquer; o “próximo” é qualquer irmão caído nos caminhos da vida que necessita, para se levantar, da nossa ajuda e do nosso amor. Neste gesto do samaritano, a Igreja de todos os tempos reconhece um aspecto fundamental da sua missão: o de levantar todos os homens e mulheres caídos nos caminhos da vida.

3. Meditação: O que o texto nos diz, hoje, para nossa vida?

a) Em nossa sociedade hoje: quem são os caídos e despojados à margem do caminho?

b) Somos capazes de ir além e nos colocar em caminhos alheios para aproximar- nos dos que necessitam mesmo que não estejam em nosso caminho?

c) Como temos vivido a relação entre os ritos e devoções de nossa religião e a prática dos ensinamentos de Jesus Cristo?

4. Oração: O que dizemos a Deus depois de ouvir e meditar sua Palavra?

Colocamos em forma de oração tudo o que refletimos sobre o Evangelho e sobre nossa vida:

“Vai, e faze tu o mesmo.”

- Cada um pode fazer sua oração pessoal, rezar o Salmo 68(69),14-37 e concluir com a oração do Pai Nosso.

5. Contemplar o rosto de Deus encotrado no texto e comprometer-nos com a transformação da realidade.

Compromisso: Cultivar o olhar compassivo para com o próximo. Ofereça ao Senhor alguma atitude concreta para viver esta semana.

Levemos uma “palavra”: Pode ser um versículo ou uma frase do texto. Tente guarda-lo de cor e encontre um momento a cada dia para recordá-la e ter um momento de oração, onde você possa voltar a conversar com o Senhor.

6. Oração final

DEUS DE TERNURA E COMPAIXÃO, nós te damos graças pelo teu Filho Jesus, que enviaste como um bom Samaritano à nossa humanidade ferida pelos ódios e pelas injustiças. Nós Te pedimos por todos os feridos da vida e por nós próprios, porque nos envias junto do nosso próximo, aqui e ao longe, para prosseguir a obra de teu Filho. AMÉM.

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