16º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Reflexão Bíblica: Lucas 10,38-42.

17/07/2019

1. Oração Inicial

ESPÍRITO DE CONTEMPLAÇÃO, ensina-nos a inspirar o nosso agir na escuta atenta da Palavra, de forma que nossas ações sejam expressão de comunhão com o Senhor. AMÉM.

2. Leitura:O que diz o texto?

a) Introdução: A existência cristã é o acolhimento de Deus e das suas propostas; e que a ação (ainda que em favor dos irmãos) tem de partir de um verdadeiro encontro com Jesus e da escuta da Palavra de Jesus. É isso que permite encontrar o sentido da nossa ação e da nossa missão.

b) Leitura do texto: Façamos uma leitura atenta, pausada e reflexiva. Procurando descobrir a mensagem de fé que o evangelista Lucas (10,38-42) quis transmitir a sua comunidade.

c) Um momento de silêncio orante: Façamos um tempo de silêncio, para que a Palavra de Deus possa penetrar nossos corações e iluminar nossa vida.

d) O que diz o texto?

  1. Em casa de quem se hospedou Jesus?
  2. O que Maria fazia e qual era sua preocupação?
  3. Qual era a preocupação de Marta e o que fazia? Qual era a sua queixa?
  4. Como Jesus lhe respondeu?

Para aprofundar no texto

Este episódio situa-nos numa aldeia não identificada, em casa de duas irmãs (Marta e Maria). Estas duas irmãs são, provavelmente, as mesmas Marta e Maria, irmãs de Lázaro, referidas em Jo 11,1-40 e Jo 12,1-3. Se assim for, a ação passa- se em Betânia, uma pequena aldeia situada na encosta oriental do Monte das Oliveiras, a cerca de 3 quilômetros de Jerusalém. Continuamos, de qualquer forma, a percorrer esse "caminho de Jerusalém", durante o qual Jesus vai revelando aos seus discípulos os projetos do Pai e os vai preparando para o testemunho do Reino.

Estamos no contexto de um banquete. Não se diz se havia muitos ou poucos convidados; o que se diz é que uma das irmãs (Marta) andava atarefada "com muito serviço" (vers. 40), enquanto a outra (Maria) "sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua Palavra" (vers. 39). Marta, naturalmente, não se conformou com a situação e queixou-se a Jesus pela indiferença da irmã. A resposta de Jesus (vers. 41-42) constitui o centro do relato e dá-nos o sentido da catequese que, com este episódio, Lucas nos quer apresentar: a Palavra de Jesus deve estar acima de qualquer outro interesse.

Há, neste texto, um pormenor que é preciso pôr em relevo. Diz respeito à "posição" de Maria: "sentada aos pés de Jesus". É a posição típica de um discípulo diante do seu mestre (cf. Lc 8,35; At 22,3). É uma situação surpreendente, num contexto sociológico em que as mulheres tinham um estatuto de subalternidade e viam limitados alguns dos seus direitos religiosos e sociais; por isso, nenhum "rabbi" da época se dignava aceitar uma mulher no grupo dos discípulos que se sentavam aos seus pés para escutar as suas lições. Lucas (que, na sua obra, procura dizer que Jesus veio libertar e salvar os que eram oprimidos e escravizados, nomeadamente as mulheres) mostra, neste episódio, que Jesus não faz qualquer discriminação: o fato decisivo para ser seu discípulo é estar disposto a escutar a sua Palavra.

Muitas vezes, este episódio foi lido à luz da oposição entre ação e contemplação; no entanto, não é bem isso que aqui está em causa... Lucas não está, nesta catequese, a explicar que a vida contemplativa é superior à vida ativa; está é a dizer que a escuta da Palavra de Jesus é o mais importante para a vida do crente, pois é o ponto de partida da caminhada da fé. Isto não significa que o "fazer coisas", que o "servir os irmãos" não seja importante; mas significa que tudo deve partir da escuta da Palavra, pois é a escuta da Palavra que nos projeta para os outros e nos faz perceber o que Deus espera de nós.

O nosso tempo vive-se a uma velocidade estonteante... Para ganhar uns minutos, arriscamos a vida porque "tempo é dinheiro" e perder um segundo é ficar para trás ou deixar acumular trabalho que depois não conseguimos "digerir". Mudamos de fila no trânsito da manhã vezes incontáveis para ganhar uns metros, passamos semáforos vermelhos, comemos de pé ao lado de pessoas para quem nem olhamos, chegamos a casa derreados, enervados, vencidos pelo cansaço e pelo stress, sem tempo e sem vontade de brincar com os filhos ou de lhes ler uma história e dormimos algumas horas com a consciência de que amanhã tudo vai ser igual...

Nas nossas comunidades cristãs e religiosas, encontramos pessoas que fazem muitas coisas, que se dão completamente à missão e ao serviço dos irmãos, que não param um instante... É ótimo que exista esta capacidade de doação, de entrega, de serviço; mas não nos podemos esquecer que o ativismo desenfreado nos aliena, nos massacra e asfixia. É preciso encontrar tempo para escutar Jesus, para acolher e "ruminar" a Palavra, para nos encontrarmos com Deus e conosco próprios, para perceber os desafios que Deus nos lança. Sem isso, facilmente perdemos o sentido das coisas e o sentido da missão que nos é proposta; sem isso, facilmente passamos a agir por nossa conta, passando ao lado do que Deus quer de nós.

Esta leitura sugere que o verdadeiro acolhimento não se limita a abrir a porta, a sentar a pessoa no sofá, a ligar a televisão para que ela se entretenha sozinha, e a correr para a cozinha para lhe preparar um banquete opíparo; mas o verdadeiro acolhimento passa por dar atenção àquele que veio ao nosso encontro, escutá-lo, partilhar com ele, a fazê-lo sentir o quanto nos preocupamos com aquilo que ele sente...

A atitude de Jesus - que, contra os costumes da época, aceita Maria como discípula - faz-nos, mais uma vez, pensar nas discriminações que, na Igreja e fora dela, existem, nomeadamente em relação às mulheres.

3. Meditação: O que o texto nos diz, hoje, para nossa vida?

a) Diante das exigências da vida moderna, como é possível guardar tempo para as coisas essenciais? Como é possível encontrar espaço para nos sentarmos aos pés de Jesus e escutarmos o que Ele tem para nos propor?

b) Como a oração e a escuta da Palavra podem nos ajudar a recentralizar a nossa vida e a redescobrir o sentido da nossa existência?

c) Qual é a nossa perspectiva da hospitalidade e do acolhimento?

d) À luz das atitudes que Jesus sempre tomou tem sentido qualquer tipo de discriminação quanto a quem pode ou não pode ser discípulo?

4. Oração:O que dizemos a Deus depois de ouvir e meditar sua Palavra?

Colocamos em forma de oração tudo o que refletimos sobre o Evangelho e sobre nossa vida:

“Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada”.

- Cada um pode fazer sua oração pessoal, rezar o Salmo 14(15) e concluir com a oração do Pai Nosso.

5. Contemplar o rosto de Deus encotrado no texto e comprometer-nos com a transformação da realidade

Compromisso: Revisar o tempo e dedicação que damos à leitura bíblica, à leitura orante e à partilha da Palavra de Deus em nossa comunidade. Ofereça ao Senhor alguma atitude concreta para viver esta semana.

Levemos uma “palavra”: Pode ser um versículo ou uma frase do texto. Tente guarda-lo de cor e encontre um momento a cada dia para recordá-la e ter um momento de oração, onde você possa voltar a conversar com o Senhor.

6. Oração Final

CRISTO JESUS, Palavra de vida, nos ofereces sempre a melhor parte, que ninguém nos pode tirar; bendito sejas pela tua vinda e pela tua presença nos nossos bairros, nas nossas casas e nas nossas vidas. Que o teu Espírito nos torne sem cessar atentos ao único necessário, a tua presença. AMÉM.

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