21º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Lucas 13,22-30.

25/08/2019

1. Oração Inicial

SENHOR NOSSO DEUS E PAI, envie-nos o seu Espírito Santo. Concede-nos ouvir atentamente a Palavra, compreendê-la, prová-la e sentir que ela queima como um fogo dentro de nós. AMÉM.

2. Leitura: O que diz o texto?

a) Introdução: Jesus - confrontado com uma pergunta acerca do número dos que se salvam - sugere que o banquete do “Reino” é para todos; no entanto, não há entradas garantidas, nem bilhetes reservados: é preciso fazer uma opção pela “porta estreita” e aceitar seguir Jesus no dom da vida e no amor total aos irmãos.

b) Leitura do texto: Façamos uma leitura atenta, pausada e reflexiva. Procurando descobrir a mensagem de fé que o evangelista quis transmitir a sua comunidade.

22Sempre em caminho para Jerusalém, Jesus ia atravessando cidades e aldeias e nelas ensinava.23Alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os homens que se salvam? Ele respondeu:24Procurai entrar pela porta estreita; porque, digo-vos, muitos procurarão entrar e não o conseguirão.25Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater à porta, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos, ele responderá: Digo-vos que não sei de onde sois.26Direis então: Comemos e bebemos contigo e tu ensinaste em nossas praças.27Ele, porém, vos dirá: Não sei de onde sois; apartai-vos de mim todos vós que sois malfeitores.28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacó e todos os profetas no Reino de Deus, e vós serdes lançados para fora.29Virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus.30Há últimos que serão os primeiros, e há primeiros que serão os últimos.31No mesmo dia chegaram alguns dos fariseus, dizendo a Jesus: Sai e vai-te daqui, porque Herodes te quer matar.

c) Um momento de silêncio orante: Façamos um tempo de silêncio, para que a Palavra de Deus possa penetrar nossos corações e iluminar nossa vida.

d) O que diz o texto?

1) Onde o texto do evangelho de hoje situa Jesus e o que ele faz?

2) Qual é tema central do episódio que hoje lemos? Como Jesus responde ao ser questionado se “é verdade que são poucos os que se salvam?”

3) Na parábola do dono da casa que fecha a porta: Que critério é levado em conta quando os que estão do lado de fora batem à porta?

4) Qual o ensinamento final de Jesus na parábola?

Para aprofundar no texto

O episódio que o Evangelho de hoje nos recorda que continuamos, com Jesus e com os discípulos, a percorrer o “caminho de Jerusalém”. O interesse central desta “viagem” continua a ser descrever os traços do autêntico fiel e apontar o caminho do “Reino” à comunidade cristã, herdeira do projeto de Jesus. O texto de Lc 13,22-30 é constituído por temas de distintas procedências, aqui agrupados por razões de interesse catequético. Inicialmente, eram “ditos” de Jesus (pronunciados em contextos distintos) sobre a entrada no “Reino” (Mateus apresenta os mesmos “ditos” sob formas e em contextos diferentes - cf. Lc 13,23-24 e Mt 7,13-14; Lc 13,25 e Mt 25,10-12; Lc 13,26-27 e Mt 7,22-23; Lc 13,28-29 e Mt 8,12; Lc 13,30 e Mt 19,30). Lucas aproveita-os para mostrar as diferenças entre a teologia dos judeus e a de Jesus, a propósito da salvação. Na perspectiva da catequese que, hoje, Lucas nos apresenta, as palavras de Jesus são uma reflexão sobre a questão da salvação. A catequese é provocada por uma questão posta na boca de alguém não identificado: “Senhor, são poucos os que se salvam?” A questão da salvação era, na realidade, uma questão muito debatida nos ambientes rabínicos. Para os fariseus da época de Jesus, a “salvação” era uma realidade reservada ao Povo eleito e só a ele; mas, nos círculos apocalípticos, dominava uma visão mais pessimista e sustentava-se que muito poucos estavam destinados à felicidade eterna. Jesus, no entanto, falava de Deus como um Pai cheio de misericórdia, cuja bondade acolhia a todos, especialmente os pobres e os débeis. Fazia, portanto, sentido saber o que pensava Jesus acerca da questão... Jesus não responde diretamente à pergunta. Para Ele, mais do que falar em números concretos a propósito da “salvação”, é importante definir as condições para pertencer ao “Reino” e estimular nos discípulos a decisão pelo “Reino”. Ora, na ótica de Jesus, entrar no “Reino” é, em primeiro lugar, esforçar-se por “entrar pela porta estreita” (v. 24). A imagem da “porta estreita” é sugestiva para significar a renúncia a uma série de fardos que “engordam” o homem e que o impedem de viver na lógica do “Reino”. Que fardos são esses? A título de exemplo, poderíamos citar o egoísmo, o orgulho, o apego à riqueza, a ambição, o desejo de poder e de domínio... Tudo aquilo que impede o homem de embarcar numa lógica de serviço, de entrega, de amor, de partilha, de dom da vida, impede a adesão ao “Reino”. Para explicitar melhor o ensinamento acerca da entrada do “Reino”, Lucas põe na boca de Jesus uma parábola. Nela, o “Reino” é descrito na linha da tradição judaica, como um banquete em que os eleitos estarão lado a lado com os patriarcas e os profetas (vv. 25-29). Quem se sentará à mesa do “Reino”? Todos aqueles que acolheram o convite de Jesus à salvação aderiram ao seu projeto e aceitaram viver, no seguimento de Jesus, uma vida de doação, de amor e de serviço... Não haverá qualquer critério baseado na raça, na geografia, nos laços étnicos, que barre a alguém a entrada no banquete do “Reino”: a única coisa verdadeiramente decisiva é a adesão a Jesus. Quanto àqueles que não acolheram a proposta de Jesus: esses ficarão, logicamente, fora do banquete do “Reino”, ainda que se considerem muito santos e tenham pertencido, institucionalmente, ao Povo eleito. É evidente que Jesus fala para os judeus e sugere que não é pelo fato de pertencerem a Israel que têm assegurada a entrada no “Reino”; mas a parábola aplica-se igualmente aos “discípulos” que, também são convidados a despir-se do orgulho, do egoísmo, da ambição, para percorrer, com Jesus, o caminho do amor e do dom da vida. É preciso ter a consciência de que o “Reino” não está condicionado a qualquer lógica de sangue, de etnia, de classe, de ideologia política, de estatuto econômico: é uma realidade que Deus oferece gratuitamente a todos; basta que se acolha essa oferta de salvação, se adira a Jesus e se aceite entrar pela “porta estreita”. É preciso ter consciência de que o acesso ao “Reino” não é, nunca, uma conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece cada dia e que, cada dia, nós aceitamos ou rejeitamos. Ninguém tem automaticamente garantido, por decreto, o acesso ao “Reino”, de forma que possa, a partir de uma certa altura, ter comportamentos pouco conveniente com os valores do “Reino”. O acesso à salvação é algo a que se responde - positiva ou negativamente - todos os dias e que nunca é um dado totalmente seguro e adquirido. Para nós, assumidamente cristãos, onde está a salvação? Jesus dizia que, no banquete do “Reino”, muitos apareceriam dizendo: “comemos e bebemos contigo e tu ensinaste nas nossas praças”; mas receberiam como resposta: “não sei de onde sois; afastai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade”. Este aviso toca de forma especial aqueles que conheceram bem Jesus, que se sentaram com ele à mesa (da Eucaristia), que escutaram as suas palavras, que fizeram parte do conselho pastoral da paróquia, que foram fiéis guardiães das chaves da igreja ou dos cheques da conta bancária paroquial, que até, se calhar, se sentaram em tronos episcopais ou papais... mas que nunca se preocuparam em entrar pela “porta estreita” do serviço, da simplicidade, do amor, do dom da vida. Esses - Jesus é perfeitamente claro e objetivo - não terão lugar no “Reino”.

3. Meditação: O que o texto nos diz, hoje, para nossa vida?

a) Temos consciência de que a comunidade de Jesus é a comunidade onde todos cabem e onde ninguém é excluído e marginalizado?

b) Para nós, assumidamente cristãos, onde está a salvação? A percebo mais como um prêmio ou como um dom?

4. Oração: O que dizemos a Deus depois de ouvir e meditar sua Palavra?

Colocamos em forma de oração tudo o que refletimos sobre o Evangelho e sobre nossa vida:

“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita.”.

- Cada um pode fazer sua oração pessoal, rezar o Salmo 116(117) e concluir com a oração do Pai Nosso.

5. Contemplar o rosto de Deus encontrado no texto e comprometer-nos com a transformação da realidade.

Compromisso: A porta estreita é compaixão e solidariedade com os injustiçados. Ofereça ao Senhor alguma atitude concreta para viver esta semana.

Levemos uma “palavra”: Pode ser um versículo ou uma frase do texto. Tente guarda-lo de cor e encontre um momento a cada dia para recordá-la e ter um momento de oração, onde você possa voltar a conversar com o Senhor.

6. Oração final.

Neste mês de agosto, rezemos por todas as vocações: à vida familiar, à vida religiosa, sacerdotal e todas as formas de vida dedicadas ao serviço do Reino de Deus:

JESUS, MESTRE, DIVINO, que chamastes os apóstolos a vos seguirem, continuai a passar pelos nossos caminhos, pelas nossas famílias, pelas nossas escolas, e continuai a repetir o convite a muitos de nossos jovens. Dai coragem às pessoas convidadas. Dai forças para que vos sejam fiéis como sacerdotes, como diáconos, como religiosos e religiosas, para o bem do povo de Deus e de toda a humanidade. AMÉM.