Jesus Cristo, Rei do Universo

O "Reino" que Jesus propõe não é um Reino construído sobre a força, a violência, a imposição, mas sobre o amor, o perdão, o dom da vida.

25/11/2019

Toda a vida de Jesus foi dominada pelo tema do “Reino”. Ele começou o seu ministério anunciando que “o Reino chegou” (cf. Mc 1,15; Mt 4,17). As suas palavras e os seus gestos sempre mostraram que ele tinha consciência de ter sido enviado pelo Pai para anunciar o “Reino” e para trazer aos homens um tempo novo de felicidade e de paz.

Os discípulos depressa perceberam que Jesus era o “Messias” (cf. Mc 8,29; Mt 16,16; Lc 9,20) - um título que o ligava às promessas proféticas e a esse reino ideal de David com que o povo sonhava. Contudo, Jesus nunca assumiu com clareza o título de “Messias”, a fim de evitar equívocos: na Palestina em ebulição, o título de “Messias” tinha algo de ambiguo, por estar ligado a perspectivas nacionalistas e a sonhos de luta política contra o ocupante romano.

Jesus não quis deitar mais lenha para a fogueira da esperança messiânica, pois o seu messianismo não passava por um trono, nem por esquemas de autoridade, de poder, de violência. Jesus é o Messias/rei, sim; mas é rei na lógica de Deus - isto é, veio para presidir a um “Reino” cuja lei é o serviço, o amor, o dom da vida. A afirmação da sua dignidade real passa pelo sofrimento, pela morte, pela entrega de Si próprio.

O seu trono é a cruz, expressão máxima de uma vida feita amor e entrega. É neste sentido que o Evangelho de hoje nos convida a entender a realeza de Jesus.

Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte, dominador que se impõe aos homens do alto da sua onipotência e que os assusta com gestos espetaculares; mas é celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor.

A cruz - ponto de chegada de uma vida gasta a construir o “Reino de Deus” - é o trono de um Deus que recusa qualquer poder e escolhe reinar no coração das pessoas através do amor e do dom da vida.

Em termos pessoais, a Festa de Cristo Rei convida-nos, também, a repensar a nossa existência e os nossos valores.

Diante deste “rei” despojado de tudo e pregado numa cruz, não nos parecem completamente ridículas as nossas pretensões de honras, de glórias, de títulos, de aplausos, de reconhecimentos?

Diante deste “rei” que dá a vida por amor, não nos parecem completamente sem sentido as nossas manias de grandeza, as lutas para conseguirmos mais poder, as invejas mesquinhas, as rivalidades que nos magoam e separam dos irmãos?

Diante deste “rei” que se dá sem guardar nada para si, não nos sentimos convidados a fazer da vida um dom?

Fonte: Roteiro de Leitura Orante e Comunitária - CMF
34º Domingo do Tempo Comum - Ano C
Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo (Lucas 23,35-43)